A arte de Evangelizar pela Arte: Há muitos modos de ser missionário. Os mais tradicionais são aqueles ligados com a pregação explícita da Palavra, as missões ad gentes, os trabalhos pastorais na Igreja, a vivência harmoniosa da vocação, inclusive na vida da família. Há missionários consagrados e leigos, padres, irmãs e casais missionários. Temos na Igreja a infância missionária, os movimentos missionários ativistas e os missionários de vida contemplativa. Resumindo, sempre que alguém se dispõe a falar de Jesus Cristo, de seu Evangelho, da Igreja e da necessidade da conversão pessoal e social, temos um missionário em atuação.
E foi nessa vasta aquarela de vocações missionárias que me deparei com os missionários que pregam o Evangelho por meio da cultura, da arte, da música, da literatura e poesia. Num instante passou por mim a sensação de que a expressão artística humana foi e sempre será um caminho privilegiado de pregar as verdades de Evangelho de Jesus. A arte, sem dúvida, pode ser missionária. E os artistas, alguns até mesmo sem perceber, nos remetem ao Reino do Céu.
A história da arte que evangeliza remonta aos inícios do Cristianismo, no Ocidente e no Oriente. Ainda que, com o passar dos séculos, distintas tradições de arte sacra tenham se desenvolvido pelo mundo, jamais houve um tempo em que a Igreja abriu mão da arte para proclamar a Palavra de Deus. Imagens, ícones, tapeçarias, vitrais, livros e poesia, cantos litúrgicos, teatros, iluminuras, objetos sagrados, pinturas, azulejaria, arquitetura, dança – todas as expressões de arte humana podem ser transformadas em possibilidade missionária e cada tempo e época da história soube desenvolver sua criatividade artística missionária.
E como anda a criatividade missionária de nossos jovens artistas? A arte tem sido auxílio para a evangelização da juventude nessa aurora do século XXI? Quais as formas de arte que mais se destacam em nossa Igreja hoje em dia? Perguntas como estas nos fazem parar e pensar nas formas de evangelizar usadas pela Igreja entre os jovens. A resposta mais imediata é que a música, em seus mais diversos ritmos e cadências, é uma forma privilegiada de levar aos jovens os valores do Evangelho de Jesus Cristo. Ministérios de músicas, bandas, grupos, cantores e cantoras, com ou sem presença na mídia, oferecem valioso auxílio missionário em nossas comunidades. Não vou aqui abrir espaço para a crítica sadia de algumas dessas expressões musicais – nem tudo é verdadeiramente sinal de missão, mas de modo geral, a música religiosa consegue atrair a atenção dos jovens e trazê-los para o compromisso eclesial.
Porém, não podemos nos descuidar de outras expressões artísticas que são profundamente evangelizadoras – e aqui destaco os escritores, pintores, dançarinos, atores e atrizes, que colocando seus dons a serviço da Igreja, conseguem passar a mensagem da vida aos que, atraídos pela arte, se encontram com Deus. Tenho visto muitas ideias geniais, como teatros em comunidades, coreografias religiosas, livros com conteúdo sério – ainda que, como na música, muita coisa desnecessária seja publicada. E na grande maioria das vezes são jovens a encabeçar estes projetos, que reanimam a comunidade no caminho da fé.
Falar de arte que evangeliza, de arte missionária, é assunto vasto demais para estas poucas linhas que temos! Mas é preciso dizer que a arte, a cultura, em suas mais diversas expressões, é um caminho privilegiado para plantar entre a juventude os valores cristãos, o amor a Igreja e o compromisso com os mais necessitados. Deixe fluir em você a arte de ser missionário!
Fonte: Padre Evaldo César de Souza, reitor do Santuário